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Pesquisa inédita desmitifica corrupção no serviço público

30/10/2020, às 09:51:38

 

Data de publicação: 29 Out 2020


Levantamento aponta que mais da metade dos servidores de nível superior do RS já sofreu tentativa de corrupção

  
52% dos servidores de nível superior do estado já sofreram tentativa de corrupção - Foto: João Santos e Silva



por Fabiana Reinholz
edição de Katia Marko




O senso comum tende a colocar a corrupção como algo inerente ao serviço público e consequentemente ao servidor público. No Dia do Servidor Público, 28 de outubro, o Sindicato dos Servidores de Nível Superior do Rio Grande do Sul (Sintergs) divulga uma pesquisa que desmitifica a premissa. De acordo com levantamento, as atitudes antiéticas vêm de fora para dentro: 52% dos servidores de nível superior do estado já sofreram tentativa de corrupção. Resultado serviu de base para criação de uma cartilha com diretrizes contra a corrupção. 

Realizado em convênio com a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e elaborado por pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da universidade, a pesquisa foi feita com 366 associados do Sintergs, de diferentes áreas e secretarias de governo, como saúde, agricultura, obras, cultura e planejamento, entre os meses de fevereiro e maio de 2020. Com orientação do professor Ângelo Costa, os dados fazem parte da dissertação de mestrado do psicólogo Felipe Vilanova.

Dos 366 participantes,191 declararam já terem sido assediados com propostas. Destes, 49,2% receberam oferta de presentes e 33% de propina. Além disso, 61,6% acham que a oferta de corrupção no seu setor nos últimos dois anos não mudou em nada.  

De acordo com o presidente do Sintergs, Antonio Augusto Medeiros, a percepção equivocada sobre a corrupção no serviço público é um dos fatores que motivaram o sindicato a participar da pesquisa acadêmica. Ainda segundo ele, ela desmitifica, com dados científicos, discursos enganosos de sucessivos governos. “A pesquisa evidenciou aquilo que há tempos já sabíamos, o engajamento dos servidores púbicos em coibir posturas antiéticas”, frisou o presidente em coletiva à imprensa realizada na manhã desta quarta-feira (28). 

O orientador da pesquisa, o professor Angelo Brandelli Costa ressaltou que ao analisar a corrupção e o serviço público é preciso separar o servidor público, dos cargos comissionados e o poder público (Executivo). “A população, em geral, tem imagem contrária, mas a verdade é que os servidores públicos parecem ter menor propensão à corrupção.”

Conforme salienta o pesquisador Felipe Vilanova, “a menor disposição à corrupção entre trabalhadores do serviço público se assemelha ao verificado na Dinamarca”.

  
Para maioria dos servidores as medidas de combate à corrupção são muito e pouco eficientes / Divulgação


Reforma Administrativa e o papel do Executivo 



Na avaliação do presidente do Sintergs, a aprovação da reforma Administrativa, com o fim da estabilidade e do concurso público, pode fazer com que aumente as práticas antiéticas e corruptas. Ele também lembrou que o ataque aos servidores e ao serviço público vem de longo tempo. 

Em relação ao papel do Estado no combate à corrupção, 42,2% disseram que as medidas foram ineficientes e 22,5% indicaram que nada mudou. “Por mais que se tenha uma narrativa de combate à corrupção por parte do poder público, na prática ela não é observada, não acontece”, frisa Medeiros. 

Na avaliação de Vilanova, os representantes governamentais deveriam mudar o embasamento do combate à corrupção. “O ideal seria que os governos pensassem em propostas de combate à corrupção com a academia e com organizações focadas nisso, como a Transparência Internacional. Assim as soluções tenderiam a ser mais eficazes. Hoje as propostas são predominantemente pautadas em achismo e senso comum”, finaliza


Diretrizes para combater a corrupção


A cartilha Diretrizes para combater a corrupção – Pesquisa desconstrói a narrativa da falta de ética no serviço público, os pesquisadores apresentam sugestões a partir da pesquisa e de outros estudos sobre o tema. Com base nos dados, os pesquisadores propuseram cinco diretrizes:


1 - Reduzir sensação de esgotamento nos funcionários, priorizando decisões que envolvem recursos financeiros ou licenças públicas no início do expediente;

2 - Promover ambientes de cooperação;

3 - Coibir práticas antiéticas;

4 - Garantir que cargos de liderança sejam ocupados por quem distingue práticas legais de ilegais;

5 - Garantir transparência, efetividade e segurança dos canais de denúncia.



Perfil dos participantes da pesquisa


366 pessoas, entre 28 e 86 anos, todos associados ao Sintergs

91% se declararam brancos

75,7% têm alguma crença espiritual ou religião

65,5% estão na ativa

63,4% são mulheres

49,7% são da classe C

48,1% desempenham atividade de fiscalização

85,2% não têm filiação partidária





Fonte: Brasil de Fato - Rio Grande do Sul
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